Confissões de uma drag em crise

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008



De uns tempos pra cá eu comecei a usar maquiagem. Maquiagem mesmo, tipo batom e todas essas frescuras de mulherzinha (e eu, por acaso, sou muito macho. O problema é que como viadagem tá em alta, principalmente agora no carnaval e tudo resolvi mudar e, querem saber? Tô adorando!). Eu costumo pôr um óculos escuros e, tcharam! 70% do meu rosto coberto e ninguém percebe meus defeitos facias.
Esses dias, em uma das minha idas à praia, um calor desgraçado e um monte de homem sem-ter-o-que-fazer na rua. Dai que começam as cantadas. Tudo bem, eu tava com um vestidinho daquele que só cobre metade da bunda, mas e daí? Eu ia à praia! As pessoas me viriam de biquini de qualquer forma! Tudo bem, sem problemas.
Entre uma olhada e outra me vem um cara, dos seus trinta e muitos anos, calvo, me analisando de cima a baixo quando ele diz: 'bonequiiinha!'. Mas foi assim... Bem no meu ouvido! Eu tenho alguns problemas com cantadas porque eu sou uma pessoa que ri muito fácil, mesmo na rua, na escola, em casa, com os amigos, em casamentos, shoppings, parques, cinemas e por aí vai uma lista quilométrica.
Eu dei um pulo, e comecei a rir. Me faz rir o modo como os homens se depreciam de tal maneira. Mas beleza, me recuperei e continuei em direção a minha linda e bela praia (nota: a praia esses dias tá uma merda aqui no Rio de Janeiro. Se quiserem viajar esse carnaval vão pra bem longe porque tá tudo nublado faz uma semana, ou será um mês? Sei lá, tanto faz.). Quase chegando na Av. Atlântica, eu me deparo com um cara (ou seria melhor dizer, senhor.) dos seus quarenta e praticamente cinqüenta anos olhando pra frente, como quem não quer nada. Dai que ele passa por mim, bem perto do meu ouvido e diz: 'bonecão!'.
Tô passada, descobriram minha verdadeira identidade, a de traveco mal comido.

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